A Invisibilidade da Surdez
Quando a pessoa possui uma deficiência física ela geralmente é facilmente identificada. Cadeiras de rodas, muletas, pernas mecânicas, bengalas, falta de membros, dificuldade na locomoção e outros.
Se a deficiência é visual, ela também pode ser identificada de várias formas, bengalas, cães guia, o fato da pessoa não focar olhar, algumas não possuem o globo ocular ou tem olhos esbranquiçados, as formas de notar são diversas e quase nunca passam despercebidas.
A deficiência é intelectiva? Certamente há inúmeras formas de que isso seja notado dependendo do tipo e grau. Sindrome de down e microcefalia são facilmente percebidos, autistas geralmente tem alguns tiques e manias e a lista se estende. Num geral, é notável.
E quando a deficiência é auditiva? Se a pessoa for usuária de LIBRAS e estiver em algum momento se comunicando com alguém, ai é fácil de saber mas e quando a pessoa está lá parada sem fazer nada ou é oralizada?
É comum que deficientes auditivos sejam inicialmente taxados de desatentos, preguiçosos, tímidos e outros termos, quando na verdade eles apenas não estão conseguindo acompanhar o mundo sonoro ao seu redor.
Se a pessoa não chegar e falar “tenho deficiência auditiva”, as pessoas jamais conseguiriam pensar nessa possibilidade sozinhas a menos que vejam a pessoa se comunicando por LIBRAS ou que tenha contato com pessoas com problemas de audição.
No Brasil, de acordo com dados do IBGE no censo de 2010, 46 milhões de brasileiros possuem alguma deficiência, representando 24% da população e desses, 10 milhões possuem algum tipo de deficiência auditiva, isso equivale a população da cidade de São Paulo. É muita gente.
Mesmo com todas essas pessoas que ouvem mal pelo Brasil afora, há muita gente desavisada, muita gente que acha que surdo é mudo e usa LIBRAS e nos falta o essencial que é acessibilidade e isso é causado pela falta de informação, pela falta de compreensão.
Se você conhece alguém que se encaixe no “desatento”, “desavisado”, “cabeça de vento”, “no mundo da lua”, “preguiçoso”, “tímidos”, você talvez esteja lidando com uma pessoa que tenha problemas de audição.
Muitas vezes nem mesmo aquela pessoa e quem convive com ela nota que ela tem dificuldades auditivas porque no fim ela e todos, acham que de fato o problema é algum dos que citei no paragrafo acima e não dificuldade em ouvir.
Caso encontre essa pessoa por aí e caso ela seja do seu convívio, talvez seja legal você perguntar ou caso a intimidade seja o suficiente, sugerir que ela procure um médico para realizar a avaliação.
Beijos a todos