Entrevista Sobre Acessibilidade na Sala de Aula
Essa semana, eu fui entrevistada pela Lak Lobato para a coluna dela no Acessibilidade Total. Então como toda entrevista rs, o entrevistado participa da criação do texto. O texto foi originalmente postado na Coluna da Lak no Acessibilidade Total (o link vai redirecionar pra entrevista, mas quem quiser a coluna em si ou só o site é só clicar no nome completo da Lak lá em cima e no nome do Site também lá em cima, vale a pena). Aqui vai a entrevista na integra pra vocês.
Aulas Acessíveis 2: Transcrição de Aulas
POR LAK LOBATO 26 DE OUTUBRO DE 2011Se tem algo que é um ”sonho de consumo” para os estudantes surdos oralizados, é a transcrição das aulas por estenotipia. Você já ouviu falar disso?
É, provavelmente, não. Aqui no Brasil, não sei de alguma escola ou faculdade que ofereça esse serviço. Que eu saiba, só existe duas empresas de estenotipia no Brasil.
Mas, afinal, o que seria estenotipia? Basicamente, a transcrição de textos por escrito, conhecido em inglês como CART – Communication Access Reatime Transation – algo como “Tradução de comunicação acessível em tempo real”, o mesmo sistema usado para produzir a legenda oculta (closed caption) dos canais de televisão, com a diferença que, nesse caso, é usado em sala de aula.
O estenotipista digita tudo o que ouve num aparelho chamado estenotipo, que possui um teclado especial, com as teclas dispostas em código, permitindo que o estenotipista escreva de maneira muito mais rápida. Para você ter uma idéia, um bom estenotipista digita 300 palavras por minuto (ou mais, dependendo da destreza do profissional). Numa aula com transcrição simultânea, o estenotipista senta do lado do aluno com deficiência auditiva e digita com o estenotipo conectado a um computador, cuja tela fica virada para o aluno, que copia a matéria. Mas, o mais legal é que não apenas a matéria é digitada, mas toda e qualquer informação sonora da sala de aula: fala de professor e aluno, risada da turma, aplausos, etc .
Como eu não tenho qualquer conhecimento da causa, porque nunca vi um aparelho desses na minha vida e, até pouco tempo atrás, nem sabia que isso existia, pedi para uma amiga, Diéfani Favareto Piovezan, que morou boa parte da vida nos Estados Unidos e teve oportunidade de assistir aulas de universidade com esse recurso de acessibilidade, nos explicar um pouco sobre o estenotipo.
Lak:Então, você perdeu a audição gradualmente, né? Quando começou a ter dificuldade em sala de aula?
Diefani : Sim, comecei perder gradualmente quando tinha 14 anos, mas dificuldades mesmo comecei a notar dois anos depois já com 16.
Você estava em que série?
Era nos EUA, 10th grade, segundo ano do colegial. Lembrando que o colegial lá possui quatro anos e não três como aqui.
Bom, quando você soube do sistema de transcrição de aula?
Na verdade só fiquei sabendo quando já estava na faculdade. Eu tinha visto na Comunidade (do Orkut) de Tecnologia Para Surdos sobre a companhia C-Print que trabalha com isso. E minha professora me orientou a procurar o departamento de deficiências da faculdade. Lá no departamento comentei sobre o C-Print e soube que não usavam o C-print, mas contratavam estenotipistas particulares e que já havia alguns alunos surdos que usavam.
E como é o trabalho do estenotipista?
Basicamente, ele transcreve as aulas, palestras, o que for preciso. Se for necessário digitam horas a fio. O trabalho deles consiste não só em transcrever as aulas e palestras, mas integrar o aluno no ambiente escolar e na sala de aula, escrevendo o que se passa ao redor, os comentários que outros alunos fazem, por exemplo. Escrevem também sobre os barulhos do ambiente como palmas ou música. Fora isso, eles gravam tudo, depois revisam em casa porque às vezes, não conseguem entender algo. E repassam pra gente por e-mail pra estudarmos depois.
Quanto tempo leva pra entregarem a transcrição?
No mesmo dia, à noite ou no dia seguinte. Nunca passava disso.
E a faculdade que oferecia esse serviço ou o aluno contrata por fora?
A faculdade, eu não pagava nem um centavo. Eu era bolsista, mas mesmo os alunos que não eram não pagavam. As escolas e faculdades lá são obrigadas a fornecer acessibilidade e melhorar as instalações para alunos com qualquer tipo de deficiência.
Como era feito o serviço? O estenotipista ia lá, gravava a aula e mandava pra você ou já digitava algumas coisas em sala de aula?
Já digitava na aula, ele ia com o estenotipo e o laptop. O laptop ficava logo ao lado do meu caderno, enquanto ele digitava, eu ia tomando notas do que o professor falava e aparecia na tela. O lance de mandar depois é porque algumas palavras não estão no dicionário deles, ou algum barulho interfere e não entendem, ou às vezes o professor acaba falando enrolado mesmo, ai eles anotavam o que entenderam ou colocavam entre parênteses pedindo desculpas dizendo que não entenderam. Noutras vezes, o aluno também precisa beber água ou ir ao banheiro e perdia parte da explicação, então mandavam por e-mail com as correções e partes perdidas enquanto o aluno estava fora da sala.
E isso te ajudava a compreender a aula melhor?
Muito melhor. Antes só entendia o que era escrito na lousa, o resto eu tinha que me virar, ler e pesquisar pra entender mais sobre o assunto, depois com o estenotipista não precisava . Quando ia estudar pra prova, conciliava o livro com as aulas transcritas enviadas por e-mail e as notas eram sempre acima da média depois.
E esse serviço é comum nos Estados Unidos?
Sim, muito comum, depois fui apresentada a outros alunos surdos pelos estenotipistas. Havia 5 alunos surdos além de mim, que usavam o serviço. Inclusive uma me disse que apesar de ser bilíngüe (usava língua de sinais e inglês oral, falando e fazendo leitura labial), ela preferia a estenotipia, porque achava ficava tudo mais clara a compreensão, em relação ao ensino fundamental e médio ela usou intérpretes. Ma faculdade o diretor do departamento de deficiências falou sobre a transcrição, e ela quis testar, ai ela disse que ficou maravilhada.
Há quanto tempo existe esse serviço por lá, você sabe?
Não faço idéia, mas a minha principal estenotipista (eram vários por questão de cansaço) me disse que na área de transcrição pra surdos ela está há mais ou menos 10 anos. Antes ela trabalhava como estenotipista para tribunais. Ela trabalha com isso há mais de 20 anos.
Acontecia dos alunos ouvintes pedirem cópia do seu material?
Já pediram, mas a verdade é que o diretor do departamento de deficiência disse que eu não deveria. Então no Maximo, eu repassava o que estava lá, mas com as minhas palavras e também, só passava o que eles tinham dúvidas. Mas, foram poucas vezes, dá pra contar nos dedos das mãos e ainda sobra.
Agora que você está fazendo faculdade aqui no Brasil, como faz para assistir as aulas sem esse sistema?
Bom, agora aqui no Brasil é mais complicado. Na verdade, atualmente com o IC consigo acompanhar todas as aulas sem problemas, as notas baixas são por conta da dificuldade mesmo (risada), mas antes de fazer o IC e antes de ele realmente me fazer ouvir (o implante coclear requer algum tempo de adaptação), eu pedia pros professores darem uma ajuda extra, falarem virados pra mim, me repassarem slides. Os colegas de sala me ofereciam as anotações pra copiar e, logo após eu ter feito o IC, uma colega de sala que era promotora me sugeriu interprete oralista, mas eu não quis.
Você sabe qual o preço do aparelho de estenotipia nos EUA?
Sim, os aparelhos custam em torno de cinco mil dólares.
É, são caros. As faculdades possuem um aparelho ou contratam o serviço?
Contratam os serviços, o aparelho é do próprio estenotipista, ele escolhe o que for melhor pra ele. A faculdade só paga as horas que eles trabalham, e pelo que sei, são bem remunerados, tanto que ano passado o marido da mesma estenotipista que citei anteriormente como sendo a principal, perdeu o emprego, ela quem sustentou a casa sozinha por oito meses, mantendo as duas filhas mais velhas na faculdade e as mais novas em escolas particulares sem problema algum.
Beijinhos,
Lak
Caro LeandroTemos dois formatos de Closed Caption.1 ao vivo, comnfroe a pessoa fala o texto aparece. Esse formato e9 passedvel de erro. A volta do texto ocorre eventualmente pois o profissional percebe o erro e corrige. Sendo ao vivo o profissional tem que ouvir primeiro e digitar gerando o atraso da legenda que pode chegar em ate9 6 segundos, dessa forma e9 impossedvel sincronizar com a imagem. Algumas emissoras usam o recurso do Teleprompt que e9 o texto ( je1 pre digitado) que o jornalista esta lendo ao vivo aed a velocidade do texto que aparece sobe muito e fica difedcil ler.2 O pre gravado ne3o tem erro pois o texto e9 preparado antecipadamente e inserido no tempo correto, juntamente com a imagem apresentada. Para ter uma ideia um filme de 1 hora leva no mednimo 8 horas para ficar pronto, com o texto sincronizado com a imagem. Se vocea assisitir a Globo hoje, ire1 verificar que principalmente ao vivo, Jornais como Bom dia Brasil, JN entre outros a qualidade esta bem melhor assim como a Record, SBT, Bandeirantes, Senado,TV Justie7a entre outras. Isso se deve ao fato de que a te9cnica utilizada e9 a estenotipia. Fico a disposie7e3o no que puder ajudar.Wagner
Olá,
Primeiramente gostaria de comentar que gosto muito do seu blog Igualmente Diferentes.
Recentemente inaugurei meu site http://www.gapaa.com.br/ GAPAA – Grupo de Apoio para Perda de Audição Adquirida, com o principal objetivo de auxiliar os pacientes nas dificuldades impostas pela deficiência auditiva.
Estamos formando grupo de apoio para realização de encontros onde pacientes possam compartilhar informações de suas experiências e desafios vividos; elaborar suas emoções e ainda encontrar novas possibilidades para aplicação em suas vidas social, profissional e familiar. Também oferecemos atendimento individual, uma vez que tivemos uma grande procura através do site.
Sou psicóloga clínica e venho atendendo pacientes com surdez parcial adquirida. Como acompanho seu blog tenho utilizado esse, entre outros, para referência e indicação aos meus pacientes.
Assim, gostaria de convidá-lo(a) a visitar meu site e avaliar a possibilidade de termos nossos sites publicados entre si, abrindo ainda mais oportunidades para que o público interessado possa conhecer e encontrar a ajuda necessária.
Fique à vontade para contatar-me.
Abs,
Cláudia C. Huertas
cel 11 9.7602.7391
Ah como eu queria!