26 de fevereiro de 2018

Menos Barulho por Favor

Acessibilidade Aparelhos Auditivos Como agir Deficiência Auditiva Educação Humor Informações Música Pessoas com Deficiencia Tecnologia Variadas
Por Diéfani Favareto Piovezan

Todos sabem que eu amo o implante coclear, amo poder ouvir e amo os sons que me são entregues, sons esses aos quais fui privada por um bom tempo, mas não há nada melhor do que chegar em casa depois de um dia inteiro de trabalho e correria, tirar os processadores e ficar em silêncio.
Durante o dia sou bombardeada de informações sonoras, tenho déficit de atenção e hiperatividade, trabalho com programação e após o trabalho tenho diversas coisas para fazer na rua. A quantidade de informação que recebo durante o dia é imensa e o meu cérebro cansa a ponto de às vezes desligar sozinho por sobrecarga. E não me refiro a dormir, me refiro a uns períodos que ele parece estar em modo de espera. Estou acordada mas ele não está funcionando.
Quando chego em casa depois do dia que tive, qualquer barulhinho me irrita. Pia ou chuveiro pingando, música alta no vizinho (e muitas vezes nem tão alta assim está)., cachorro latindo. Tem dia que eu não estou nem a fim de conversar porque vai me irritar.
Pela manhã tenho um péssimo humor desde pequena, então hoje eu acordo, me espreguiço, escovo dentes, lavo rosto, me visto e somente após essa série de coisas que levam uns 20 minutos, é que vou ligar meus implantes e pode apostar, se tiver barulheira, som de construção, buzina no trânsito, vou ficar com sangue fervendo.
Podem me chamar de estressadinha, sou mesmo. Como eu disse, já recebo uma tonelada de informações durante o dia e chega uma hora que meu cérebro precisa de descanso total ou parcial. Sério, nessas horas fico com pena de quem é ouvinte. E eu não estou bruncando. Tenho pena de verdade.
Telefone? Eu falo, mas não gosto. Me enviem e-mail, sms, mensagem no Facebook, WhatsApp, Telegram, as formas de me contatar por escrito são várias e eu estou de olho nelas o dia todo. Eu detesto falar ao telefone, se passar de 10 minutos eu inconscientemente começo a prestar atenção só em pedaços da conversa. Conclusão, esqueço o que ouvi e perco o que não ouvi. Melhor forma de falar comigo se não for cara a cara, é por escrito.
Eu não sei quem foi que inventou de enviar áudio pelo Whatsapp, mas eu tenho ódio profundo dessa pessoa. Maioria dos áudios que recebo passam batidos, não faço nem questão de fingir que ouvi.
Disse tudo isso para chegar a um ponto: Como hoje vivemos cercados de informações constantes de todo tipo, acho que a preferência por se comunicar online seja até uma questão de educação e melhor qualidade de vida.
Eu tenho a possibilidade de me desligar de tudo isso mas a maioria das pessoas do planeta não tem essa opção e pior, tanta poluição sonora, futuramente poderá afetar quem hoje tem a audição saudavel, muito provavelmente aumentando a quantidade de pessoas com problemas de audição em algumas décadas.
Cuide bem da sua audição, ouvir é tudo de bom, portanto, menos barulho por favor.

Beijos a todos

 

Ps: Em março tem novidade no blog.

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