2 de março de 2018

Quando a Opinião Alheia nos Fere

Acessibilidade Como agir Deficiência Auditiva Deficiencia Fisica Deficiencia Intelectual Deficiência Motora Deficiencia Visual Educação Implante Coclear Informações LIBRAS Língua Portuguesa Outros Pessoas com Deficiencia
Por Diéfani Favareto Piovezan

Vivemos em sociedade e lidamos com pessoas diariamente. Mesmo uma pessoa que sai raramente de casa é obrigada a lidar com pessoas, seja pessoalmente ou virtualmente e isso por si só não é uma tarefa fácil mas se torna especialmente difícil quando fazemos parte das minorias.
Dentro dessas minorias estão as pessoas com deficiência. Ter uma deficiência já acarreta algumas coisas vindo da sociedade como visão pessimista, pena, nojo. A maioria das pessoas acham que o modelo de pessoa com deficiência é alguém que se assemelha ao monstro do pântano.
Estamos acostumados com todos os tipos de comentários e muito embora a gente finja que não incomoda, que não machuca, que não atinge, o fato é que incomoda, machuca e atinge sim. Pode ser que na hora por questão de costume, respondemos de forma automática mas depois paramos para pensar e fica aquele “coisinha”.
Quando alguém diz “nossa, deve ser tão difícil”, “coitada de você”, “eu não saberia viver assim”, “que pena, tão bonita”, “nossa mas você leva vida normal?”, nos atinge. Essas frases, embora muitas vezes ditas de forma inocente, estão carregadas pré-conceitos e estigmas de que ter uma deficiência é sinal de limitação, de infelicidade, dificuldade.
Ao olhar de forma mais ampla, essas opiniões incomodam não porque são verdadeiras mas porque a pessoa nem te conhece e já tem ideias erradas sobre você e sua vida. No fim das contas, isso afeta não somente os relacionamentos diários mas também para encontrar um emprego, porque muitos recrutadores tem esse tipo de pensamento.
Os pensamentos e palavras em si, não machucariam e não incomodariam se eles não refletissem diretamente em ações. Um bom exemplo para dar, há algum tempo circulou nas redes sociais o caso de uma menina que a família inteira foi convidada para um casamento de uma prima, menos ela. Pais e irmãos, menos ela, pois ela é deficiente física.
A prima, sequer se deu ao trabalho de perguntar para ela ou para a família se mesmo sem ser um local acessível, ela gostaria de ir, apenas justificou a falta de acessibilidade, a possível dificuldade que ela teria e que por esse motivo ela ficaria triste e se sentindo mal.
No fim das contas ela já estava acostumada com lugares inacessíveis e sempre dava um jeito, mas ficou extremamente chateada porque a prima com esses pensamentos pré-concebidos teve uma atitude que a machucou.
Esse tipo de coisa acontece sempre com quem tem deficiência auditiva. Amigos deixam de convidar para confraternizações, shows, teatro, cinema, porque acham que se não consegue ouvir e o evento é baseado em sons, a pessoa com problema de audição vai se sentir mal, triste e excluída e muitas vezes o que conta é a companhia e não a atividade realizada.
Cabe nesse caso uma reflexão e mudança de ambas as partes. A pessoa que tem a deficiência deveria ser a primeira responsável pela educação das pessoas, explicando que nada a impede de fazer algo, de viver normalmente. Só que às vezes acabamos deixando quieto e não falamos nada.
Da parte da sociedade como um todo, cabe aprender a ouvir, a ter empatia, se colocar no lugar do outro e abrir a mente para o que vai aprender sobre as pessoas com deficiência. É uma prática que não dá para ser realizada de um lado só.
Claro que não é tarefa fácil mas acho que quando as pessoas estão dispostas, tudo é possível.

Beijos a todos.

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